Alojamento Local – Depois da Euforia

27 Abril 2022

– Revista Visão – Setembro 2019

Foi o principal responsável pela maior regeneração urbanística das últimas décadas nos centros históricos de Lisboa e do Porto mas, apesar da recente “acalmia” nas duas cidades, o alojamento local (AL) continua a trazer renovação imobiliária ao resto do País, tendo chegado, este ano, a mais de uma centena de novas freguesias de norte a sul.

APÓS TRÊS ANOS DE GRANDE EUFORIA,
O MERCADO PARECE ESTAR A DESACELERAR

O mercado está cada vez mais profissional, atraindo a Portugal empresas internacionais que fazem a gestão de centenas de unidades. E muitos dos pequenos proprietários, que asseguravam a gestão turística dos próprios apartamentos, estão a descobrir que, se não oferecerem uma oferta qualificada, o excesso de concorrência pode aniquilar o seu negócio.

Atualmente, existem cerca de 88 mil unidades enquadradas no AL. Segundo o Atlas da Hotelaria da consultora Deloitte, no final de 2017 havia 51 014 espaços de alojamento local. Dados do portal do Registo Nacional de Alojamento Local (RNAL) mostram que, desde janeiro de 2018 até ao passado dia 25 de agosto, ou seja, em apenas ano e meio, mais 36 609 registos foram formalizados. Um número que se deveu a uma corrida atípica, em 2018, aos registos, antecipando os entraves criados no novo regulamento de outubro do ano passado que veio criar zonas de contenção nos bairros históricos de Lisboa (também em discussão, atualmente, no Porto).

O certo é que, após três anos de grande euforia, o mercado dá mostras de desaceleração: entre janeiro e agosto deste ano, foram inscritas 11 467 novas unidades. No mesmo período do ano passado, foram mais de 17 mil. “Aquela ideia que se vendia de que o alojamento local era uma galinha dos ovos de ouro não é realista. O mercado está muito concorrencial. E, se é um facto que a criação das zonas de contenção nos centros históricos provocou quebras abruptas nos novos pedidos de AL, a verdade é que também fora dos centros históricos tem havido uma maior contenção na abertura de novos espaços.

Muito mais do que a regulamentação, é o mercado que está mais maduro e seletivo”, sublinha Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), acrescentando que, “em quase todas as freguesias do País, ocorreram quebras nos registos no primeiro e no segundo trimestre de 2019, comparativamente ao período homologo do ano passado”. Por isso, reforça, “quem avança hoje para este mercado chega com ponderação e com um projeto diferente”.

DECORAÇÃO PROFISSIONAL

Há sete anos que as irmãs Catarina e Margarida Diniz fazem projetos de decoração para alojamento local, alguns deles premiados em publicações, da Condé Nast. A dupla da Home Staging Factory começou por fazer projetos para clientes privados em Lisboa, mas hoje são muitos mais os que fazem pelo País. A diferenciação é a chave do sucesso, dizem.

Pormenores Catarina e Margarida Diniz são irmãs e sócias na Home Staging Factory. A decoração de um T1 (mobiliário e honorários incluídos) custa entre €7 500 e 12 mil euros

Visão 20 Agosto 2019, Marisa Antunes

Veja aqui as Vantagens do Home Staging.

PROFISSIONAIS NO MERCADO

Uma realidade sentida na Home Staging Factory, pioneira em Portugal na decoração de espaços para alojamento local. A empresa das irmãs Catarina e Margarida Diniz arrancou, em 2010, a desenvolver projetos de decoração para apartamentos à venda no mercado imobiliário, mas, dois anos depois, transitou para o mercado turístico. “Nessa altura, os nossos clientes eram essencialmente portugueses, pessoas que tinham umas poupanças, que compravam uma casa para rentabilizar e conseguir uma receita adicional no final do mês. E o mercado estava muito orientado para os bairros históricos de Lisboa”, recorda Margarida.

Entretanto, tudo mudou. “Hoje temos clientes de todo o mundo, entre eles belgas, tunisinos, dinamarqueses ou do Dubai, além dos nacionais. E dos pequenos investidores passámos a ter proprietários de prédios inteiros. Também fazemos cada vez mais projetos fora de Lisboa, um pouco por todo o País”, acrescenta Catarina Diniz. Os projetos chave-na-mão (honorários, mobiliário e produção) da Home Staging Factory para um T1, por exemplo, variam entre os 7 500 e os 12 mil euros, e lhe não faltam clientes. “As pessoas sabem que o segredo do sucesso é a diferenciação, tendo em conta a concorrência crescente”, aponta ainda Catarina. Uma concorrência feroz que leva muitos proprietários a preferirem abrir mão de alguma receita para pagar um serviço profissional.

Como Valorizar o seu Espaço

  • Crie um ambiente aconchegante. Cores como bege, mel, verde e azul-claro são muito utilizadas pelos decoradores.
  • Aposte na iluminação, criando diferentes ambientes dentro de casa. Os pontos de luz em locais-chave também permitem acentuar um objeto que pode fazer a diferença na personalidade do espaço.
  • Não há quem não valorize a casa de banho: modernize louças sanitárias e torneiras e renove os azulejos se estiverem datados. Aprimore com alguns apontamentos que transmitam bem-estar, como uma vela, uma planta ou um quadro.
  • Em apartamentos pequenos, opte por algumas boas peças que tragam carácter ao espaço. Se a sala não for ampla, escolha um sofá́ mais pequeno. O mesmo se aplica à sala de jantar, com uma mesa mais pequena ou dobrável.
  • Na cozinha é também fundamental trazer alguma renovação. Pode apenas trocar as portas dos armários sem ser necessário substituir tudo por completo. Aposte em eletrodomésticos novos.
  • Ofereça um bom colchão e almofadas. Uma boa noite de sono é essencial para a satisfação dos hóspedes. Use sempre toalhas e lençóis brancos, como nos hotéis.
  • Dê um toque natural à casa com plantas ou até flores frescas.
  • Deixe em local visível o extintor, as mantas antifogo e o kit de emergência médica, obrigatórios por lei.
  • Emoldure algumas dicas práticas, como os pontos de comércio e de transporte mais próximos. Relembre também de que é fundamental respeitar as horas de descanso.

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